No acervo estão seis telas de Caravaggio, que representam 10% dos trabalhos deixados por ele, e mais 14 trabalhos de pintores caravaggescos, como são chamados os artistas influenciados pelo italiano. Entre elas, estão as de autoria de Artemisia Gentileschi, Bartolomeo Cavarozzi, Giovanni Baglione, Hendrick van Somer e Jusepe di Ribera. O curador do evento, Fábio Magalhães, conta que as obras Caravaggio são raras e de difícil acesso. "Um número expressivo está em igrejas, como a de São Luís dos Franceses Roma, e não pode sair. Algumas, de difícil empréstimo, estão no Museu do Louvre. Tudo isso dificulta muito a organização de uma exposição de Caravaggio", disse.
Além da limitação quanto ao número de obras, existe uma discussão sobre autoria envolvendo o acervo de Caravaggio. "A própria exposição debate esses temas. Há uma sala da exposição que discute porque um São Francisco de Assis em Meditação é de autoria de Caravaggio e outros títulos não são. Há uma discussão muito rica sobre o problema atributivo", explica o curador.
Vista pela primeira vez fora da Itália, a Medusa Murtola (1597) está entre as obras reconhecidas há pouco tempo. Murtola, palavra acrescida ao título da obra, faz referência a um poeta contemporâneo de Caravaggio que tinha esse nome. Murtola havia escrito a carta mais antiga que documenta a existência da segunda Medusa feita por Caravaggio. "Essa obra recentemente ganhou importância extraordinária dentro dos estudos do Caravaggio".
A obra era considerada a segunda versão de uma pintura feita por Caravaggio em que também retratava Medusa, o monstro da mitologia grega. Após 20 anos de estudos e análises, porém, Medusa Murtola ganhou status de primeira versão. De acordo com o curador, essa tela foi pintada sobre um escudo de madeira num formato convexo. Diz a lenda mitológica que o escudo refletia o olhar do mostro que transformava em pedra quem o encarasse. O instrumento serviu na defesa de Perseu, o herói da mitologia, no momento em que decapitava Medusa.
A lenda explica a insistência de Caravaggio em pintar sobre o escudo. Mas, por ser um objeto convexo, a dificuldade em executar a pintura foi grande. "Tem que corrigir as curvas quando você olha a obra, senão o próprio convexo deforma", explica o curador. Com ajuda de raio-X, infravermelho e outras técnicas modernas, descobriu-se que o italiano, na verdade, desenhou na peça antes de pintá-la, algo que ele não costumava fazer. "Não era comum o Caravaggio desenhar antes de pintar, ele normalmente pintava direto sobre a tela. Nessa Medusa Murtola há o desenho pela dificuldade que ele sentia de reproduzir a imagem da medusa sobre o escudo".
Por meio desse raciocínio, concluiu-se que a outra obra de Medusa feita por Caravaggio - sem necessidade de desenho antes da pintura - era a segunda versão, uma ampliação da obra do escudo. Além do escudo, a mostra terá o Retrato do Cardeal (1600), que poderá ser apreciada pela primeira vez fora da Itália.
'A Medusa Murtola' (1597) é uma das obras expostas no MASP
A exposição fica aberta no Masp, na Avenida Paulista, de terça-feira a domingo, das 11h às 18h. Nas quintas-feiras, vai até as 20h. Os ingressos custarão R$15 a inteira e R$ 7 a meia-entrada.
A entrada é gratuita para crianças até 10 anos e para as pessoas acima de 60 anos. Às terças-feiras, todo o público tem acesso gratuito.
Fonte: terra.com.br
Até mais!
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