Antes da Revolução Industrial, a gama de cores disponíveis para a arte e uso decorativo era tecnicamente limitada. A maioria dos pigmentos utilizados era derivado da terra, de alguns minerais ou de origem biológica. Pigmentos a partir de fontes incomuns, tais como materiais botânicos, resíduos animais, insetos e moluscos foram colhidos e comercializadas em longas distâncias. Algumas cores foram onerosas ou impossíveis de se misturar com a gama de pigmentos que estavam disponíveis. Como exemplo, o azul e o roxo passaram a ser associados a realeza por causa da dificuldade e custo em se conseguir estas cores.
Caramujo da espécie Murex brandaris |
Pigmentos biológicos eram muitas vezes difíceis de adquirir, e os detalhes de sua produção foram mantidos em segredo pelos fabricantes durante muitos anos. Tyrian Purple (conhecido também como Royal Purple) era um pigmento conseguido a partir do muco de uma uma espécies de caramujo, o Murex brandaris. A produção de Tyrian Purple para uso como tintura de tecido começou em 1200 a.C, pelos Fenícios, e foi continuada pelos Gregos e Romanos até 1453 d.C, com a queda de Constantinopla. O pigmento era caro e complexo para produzir, e itens coloridos com ele tornaram-se associados com o poder e a riqueza.
Gema de Lapis-Lazuli |
Pigmentos minerais também foram negociados a longas distâncias. A única maneira de alcançar um rico azul profundo era usando uma pedra semi-preciosa, lapis-lazuli, para produzir um pigmento conhecido como ultramarino, e as melhores fontes de lapis lazuli eram remotas e distantes.
O pintor flamenco Jan Van Eyck, trabalhando no século 15, não incluia normalmente o azul em suas pinturas. Pintar um retrato com o azul ultramarino era considerado um grande luxo. Se o cliente que encomendava a obra queria azul, era obrigado a pagar extra. Quando Van Eyck usada lapis-lazuli, nunca misturava com outras cores. Ao contrário, ele aplicava a sua forma pura, quase como um esmalte decorativo. O preço proibitivo de lápis-lazuli forçava os artistas a procurarem pigmentos que pudesse substituir e fossem menos caros, tanto mineral ( azurita , smalt ) ou biológicos (índigo ).
Os Espanhóis, com a conquista de terras no Novo Mundo no século 16, introduziram novos pigmentos e cores para os povos de ambos os lados do Atlântico. Carmin, um corante e pigmento derivado de um inseto parasita encontrado na América Central e América do Sul , alcançou status de grande valor na Europa. Produzido a partir de insetos Cochonilha, secos e triturados, o carmim poderia ser utilizado na tintura de tecidos, pintura corporal, ou em forma sólida, para quase todos os tipos de tintas e cosméticos .
Milagre do Escravo, de Tintoretto (1518-1594). Uso do Carmin para representar cores dramáticas. |
Os nativos do Peru já conheciam como produzir o carmim a partir da Cochonilha, como corante para tecidos, pelo menos desde 700 d.C, mas os europeus nunca tinham visto a cor antes. Quando os espanhóis invadiram o Império Asteca no que é hoje o México, eles foram rápidos em explorar a cor para novas oportunidades comerciais. Carmin se tornou a segunda mais valiosa mercadoria da região, próxima à exportação de prata. Pigmentos produzidos a partir do inseto Cochonilha, como exemplo, serviram para colorir os tecidos das vestes de cardeais católicos e os uniformes dos soldados ingleses, as "Casacas Vermelhas". A verdadeira fonte do pigmento, um inseto, foi mantida em segredo até o século 18, quando os biólogos a descobriram.
Enquanto o Carmin foi muito popular na Europa, manteve-se a cor azul exclusivamente associada à riqueza e status. No século 17, o mestre holandês Johannes Vermeer, muitas vezes fez uso abundante de lápis-lazúli , juntamente com Carmin e Amarelo indiano , em suas pinturas vibrantes, destinadas a decorar os mais luxuosos palácios.
A leiteira, Johannes Vermeer (1632-1675) |
Outras cores importantes:
Indigo: Tinta azul de uso conhecido como tintura no Egito antigo, e muito mais tarde usado com pigmento usado para pintar escudos de guerra dos soldados romanos. Mencionado em registros históricos datando do século 13 em transações comerciais da européia com o Oriente (um dos produtos de importação mais valorizados da época eram pigmentos). Utilizado na pintura italiana pré-renascentista, tendo sido amplamente utilizada durante e após a renascença. No Oriente, indigo era cultivado em toda a Índia e na China e utilizado principalmente para tingimento de tecidos e também na pintura de painéis na China e na Ásia Central.
O indigo é extraído da planta "Indigofera" amplamente plantada na Índia e comercializada pelos europeus desde o séc. 14. É um dos únicos azuis derivados de plantas, sendo que quase todos os pigmentos azuis derivam de metais ou pedras.
Verdigris: O nome é uma contração de "vert de grèce", verde grego. Cor antiga, com preparo registrado pelos romanos. A cor se forma em chapas de cobre expostas aos vapores de folhas de parreira fermentadas, ou lacradas em barris sobre vinagre. Depois da oxidação das placas de cobre, raspa-se o substrato e assim é obtido o pigmento puro. Cor amplamente usado em iluminarias medievais, mas devido à sua natureza metálica instável, pode se tornar marrom escuro com a exposição à luz natural, ou pode "comer" o papel onde foi colocada, deixando buracos em diversos manuscritos medievais.
Tyrian Purple: Um dos mais importantes e mais caros pigmentos naturais da antiguidade. Era preparado com tintas de vários moluscos incluindo murex brandaris e purpura haemostoma encontrados na costa do Mediterrâneo e do Atlântico e nas Ilhas Britânicas. Quantidades enormes destes moluscos eram usados para tingir tecidos e ainda são encontradas pilhas das cascas dos moluscos em alguns sítios históricos na costa grega. A secreção do molusco está contida dentro de uma pequena veia ou cisto que, quando quebrada ou partida pela mão, secreta um fluido branco. Os tecidos são bahnados neste fluido branco e postos a secar ao sol que "revela" a tintura púrpura brilhante . Os diferentes tons dependem do tipo de molusco e o tipo de exração do fluido branco.
Segundo Plínio, o melhor pigmento era extraído na Tíria, e era a cor utilizada nas vestes reais romanas, cor que até os dias hoje simboliza realeza. Esta cor parou definitivamente de ser usada e extraída segundo as técnicas antigas no século 7.
Sepia: secreção preta ou marrom-escura tirada da bolsa de tinta de polvos ou lulas.
Laca Indiana: Tintura vermelha orgânica natural derivada de uma secreção resinosa da larva do inseto Coccus lacca que vive em certas árvores da espécie Croton ficus na Índia, Birmânia e outros países do Oriente. Também utilizada como verniz quando processada de forma alternativa, produzindo o popular "shellac", verniz de uso muito popular na pintura a óleo.
Pau-Brasil: A tintura pau-brasil na Idade Média vinha do Ceilão e já tinha esse nome muito antes do portugueses descrobrirem a terra que mais tarde seria chamada de Brasil. A espécie de pau-brasil chamada Pernambuco, que vinha da Jamaica, tinha o dobro da quantidade de tinta do que outras espécies. O extrato do pigmento é obtido com o cozimento das lascas de madeira em água fervente e através da concentração do pigmento no vácuo. O PAu-Brasil foi amplamente usado na Idade média para todos os fins, desde iluminuras de manuscritos a vestuário mas foi substituída por cores sintéticas mais brilhantes ainda no século 17.
Fonte: Sellerink, Book of Hours
Até mais!
Ótima postagem!
ResponderExcluirbem interessante...
bem interessante ... nossa
ResponderExcluiruma merda mesmo Caralho muito chato coisa de nerd viu
ResponderExcluire isso mesmo
ResponderExcluirMuito bom msm...
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